Kung Fu "estilo de vida"

"Família AKFTradRR unida na mesma paixão: Kung Fu & SDP"

Lendas e Parábolas! Leitura interessante!

Sentido da Vida


As sandálias do discípulo fizeram um barulho especial nos degraus da escada de pedra que levavam aos porões do velho convento.

Era naquele local que vivia um homem muito sábio. O jovem empurrou a pesada porta de madeira, entrou e demorou um pouco para acostumar os olhos com a pouca luminosidade.

Finalmente, ele localizou o ancião sentado atrás de uma enorme escrivaninha, tendo um capuz a lhe cobrir parte do rosto. De forma estranha, apesar do escuro, ele fazia anotações num grande livro, tão velho quanto ele.

O discípulo se aproximou com respeito e perguntou, ansioso pela resposta:

– Mestre, qual o sentido da vida?

O idoso monge permaneceu em silêncio. Apenas apontou um pedaço de pano, um trapo grosseiro no chão junto à parede. Depois apontou seu indicador magro para o alto, para o vidro da janela, cheio de poeira e teias de aranha.

Mais do que depressa, o discípulo pegou o pano, subiu em algumas prateleiras de uma pesada estante forrada de livros. Conseguiu alcançar a vidraça, começou a esfregá-la com força, retirando a sujeira que impedia a transparência.

O sol inundou o aposento e iluminou com sua luz estranhos objetos, instrumentos raros, dezenas de papiros e pergaminhos com misteriosas anotações.

Cheio de alegria, o jovem declarou:

– Entendi mestre. Devemos nos livrar de tudo aquilo que não permita o nosso aprendizado. Buscar retirar o pó dos preconceitos e as teias das opiniões que impedem que a luz do conhecimento nos atinja. Só então poderemos enxergar as coisas com mais nitidez.
Fez uma reverência e saiu do aposento, a fim de comunicar aos seus amigos o que aprendera.
O velho monge, de rosto enrugado e ainda encoberto pelo largo capuz, sentiu os raios quentes do sol a invadir o quarto com uma claridade a que se desacostumara. Viu o discípulo se afastando, sorriu levemente e falou:
– Mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga. Afinal, eu só queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu.

Conhecimento (Parábola chinesa)

Algures na China existe uma ponte. Uma ponte muito estreita para que possam lá passar carros. Poderá ser chamada de ponte pedestre...

Houve um dia em que dois homens caminhavam nessa ponte, em sentidos contrários, e cada um tinha um pão. Quando se cruzaram (sensivelmente a meio da ponte), trocaram de pães... Quando chegaram ao final da ponte cada um tinha um pão na mão.

No dia a seguir, os mesmos homens caminhavam na ponte, mas desta vez cada um trazia consigo uma ideia. Quando se cruzaram, trocaram as suas ideias. Quando chegaram ao final da ponte cada um tinha consigo duas ideias...

Moral da história: O conhecimento não se perde quando é partilhado... Por isso, temos mais a ganhar se partilharmos o pouco que sabemos com alguém, pois pode ser que a pessoa com quem se partilhou, partilhe também conosco aquilo que sabe. Não há vantagem nenhuma em saber mais que os outros se o nosso conhecimento não os puder. ajudar...

Trocando pão e ideias

Há uma parábola chinesa que diz:

Dois homens caminham por uma estrada em sentido contrário, cada um traz consigo um pão. Em determinado ponto os dois se encontram e trocam os pães... Depois, cada um segue, levando um pão.


Em outra estrada, dois homens também caminham em sentido contrário, e cada um deles traz consigo uma ideia. Em determinado ponto eles se encontram e trocam as ideias... Depois, cada um segue seu caminho, levando agora duas ideias.


É assim: quando trocamos bens materiais, não acrescentamos muito ao nosso patrimônio, mas quando trocamos experiências, transformamos nossa mente numa ferramenta fecunda, capaz de proporcionar-nos mais sabedoria, um patrimônio intangível.


Autor: Desconhecido

A grandeza da humildade

  Certa vez um jovem procurou um sábio para receber alguma orientação sobre como agir diante das circunstâncias que se apresentavam. Ao encontrar o mestre, fez sua saudação e expôs o problema:

– Mestre, eu gostaria de entender o que há de errado comigo. Desde criança eu sou o mais esforçado de minha família. Comecei a trabalhar desde muito cedo, ao contrário dos meus irmãos, que nunca precisaram fazer nada. Na escola, apesar de minhas notas sempre estarem entre as melhores, nunca ganhei nenhum elogio de meus professores, diferente de alguns colegas que eram mais populares e frequentemente recebiam ajuda para passar nas provas. Ontem, na empresa onde trabalho, meu colega foi promovido a supervisor, mas é a mim que todos os colegas – inclusive o recém-nomeado supervisor – recorrem quando querem tirar as suas dúvidas. Por que o meu valor nunca é reconhecido?
Em resposta, o mestre deu um sorriso suave, olhou nos olhos do rapaz e disse, em um tom sereno e cheio de compreensão:
– Eu entendo que essas situações abalem você. Mas observe o livro da natureza e você compreenderá o sentido disso tudo. Na floresta, as maiores árvores são aquelas que foram desprezadas pelos lenhadores e só por isso puderam crescer até o limite de suas capacidades. Já aquelas árvores tidas como de madeira nobre tiveram seu curso interrompido muito antes.
– Na vida, todo aquele que é exaltado pelas capacidades que ainda não tem, se assemelha à árvore nobre que é honrada pelo machado do lenhador e ali estanca seu crescimento. Todo homem que é honrado pelo pouco que possui, toma esse pouco como uma grande fortuna e se esquece de adquirir algo mais. Ao contrário, aqueles que ainda não foram descobertos por seus tesouros, seguem livres em seu crescimento, até que um dia, assim como as mais altas árvores, não poderão mais ocultar sua majestade e sua grandeza.
– Chegará o dia em que você encontrará seu lugar e nele, seu trono. Isso tem que ser assim para que você não se acomode como um simples hóspede na jornada da vida e resolva ali permanecer, confortável e seguro. E enquanto o seu momento não chegar, siga aprimorando suas capacidades e busque dar o melhor de si em tudo que faz.
Ao ouvir essas palavras, o jovem acenou com a cabeça, demonstrando haver entendido o valor daqueles conselhos e, com um leve sorriso no rosto, agradeceu e partiu.

A Chinesa e o Vaso Rachado
Uma velha senhora chinesa tinha dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.

Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Todos os dias ela ia ao rio buscar água, e ao fim da longa caminhada do rio até casa o vaso perfeito chegava sempre cheio de água, enquanto o rachado chegava meio vazio.
Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora voltando para casa somente com um vaso e meio de água.

Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho do seu próprio resultado – e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.

Ao fim de dois anos, refletindo sobre a sua própria amarga derrota de ser rachado, durante o caminho para o rio o vaso rachado disse à velha :
'Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até à sua casa ...'

A velhinha sorriu :
'Reparaste que lindas flores há no teu lado do caminho,somente no teu lado do caminho ? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu as regava. Foi assim que durante dois anos pude apanhar belas flores para enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa !'

Cada um de nós tem o seu defeito próprio: mas é o defeito que cada um de nós tem que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante. É preciso aceitar cada um pelo que é... e descobrir o que há de bom nele!

Mais Devagar

Um jovem atravessou o Japão em busca da escola de um famoso praticante de artes marciais. Chegando ao dojo, foi recebido em audiência pelo Sensei.

- O que você quer de mim ? perguntou-lhe o mestre

- Quero ser seu aluno e tornar-me o melhor karateca do país. Quanto tempo preciso estudar ?

- Dez anos, pelo menos.

- Dez anos é muito tempo respondeu o rapaz . E se eu praticasse com o dobro da intensidade dos outros alunos ?

- Vinte anos.

- Vinte anos!E se eu praticar noite e dia, dedicando todo o meu esforço ?

- Trinta anos.

- Mas, eu lhe digo que vou dedicar-me em dobro, e o senhor me responde que a duração será maior ?

- A resposta é simples. Quando um olho está fixo aonde se quer chegar, só resta um para se encontrar o caminho.

  Viver como as flores

 

Era uma vez um jovem que caminhava ao lado do seu mestre. Ele perguntou:

- Mestre como faz para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes, outras mentirosas... sofro com as que caluniam...

- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.

- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.

- Repare nestas flores - continuou o mestre - apontando lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o fresco de suas pétalas...


É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros nos importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora... Não se deixe contaminar por tudo aquilo que o rodeia... Assim, você estará vivendo como as flores!

A Rocha
 

O aluno perguntou ao Mestre :

- Como faço para me tornar o maior dos guerreiros ?

- Vá atrás daquelas colina e insulte a rocha que se encontra no meio da planície.

- Mas para que, se ela não vai me responder ?

- Então golpeie-a com a tua espada.

- Mas minha espada se quebrará !

- Então agrida-a com tuas próprias mãos.

- Assim eu vou machucar minhas mãos ... E também não foi isso que eu perguntei. O que eu queria saber era como que eu faço para me tornar o maior dos guerreiros.

- O maior dos guerreiros e aquele que é como a rocha, não liga para insultos nem provocações, mas está sempre pronto para desvencilhar qualquer ataque do inimigo


O que você tem a dizer?

 

Existiu um mosteiro que possuía regras de disciplina extremamente rígidas. Uma delas era o voto de silêncio. Cada pessoa podia falar apenas duas palavras a cada dez anos, e somente na presença do mestre do mosteiro.

Um jovem que havia ingressado há dez anos atrás foi então chamado para dizer suas palavras ao mestre. O mestre o interrogou: “Diga o que você tem a dizer”.
 – Cama dura… respondeu o monge.


O mestre ficou em silêncio uns instantes e, reflexivo, disse: “Entendo. Tudo bem, pode ir.”


Mais dez anos se passaram e então chegou novamente o grande dia. O mestre chamou o homem e lhe perguntou: E agora, o que você tem a dizer?
 – Comida RUIM… foram suas duas palavras.


– Hum… entendo. Tudo bem, pode ir agora – disse o mestre.


E lá se foram mais dez anos… e então o mestre o chamou de novo.
 – E agora, o que você tem a dizer?


-EU DESISTO!!! – desabafou o homem.


E o mestre respondeu, com cara de desdém:

– Tudo bem, pode ir mesmo. Tudo que você fez aqui até hoje foi reclamar…


Obs.: O que você acha disso? Por acaso o mestre não estava certo?

Adaptação: Roger Alves
Fonte: conto zen.
A Divindade dos Homens

 
Houve um tempo em que todos os homens eram deuses. Mas eles abusaram tanto de sua divindade que Brahma, o mestre dos deuses, tomou a decisão de lhes retirar o poder divino. Resolveu então escondê-lo em um lugar onde seria absolutamente impossível reencontrá-lo. O grande problema era encontrar um esconderijo. Brahma convocou um conselho dos deuses menores, para juntos resolverem o problema.


- Enterremos a divindade do homem na terra, foi a primeira ideia dos deuses.


- Não, isso não basta, pois o homem vai cavar e encontrá-la.


Então os deuses retrucaram:


- Joguemos a divindade no fundo dos oceanos.


Mas Brahma não aceitou a proposta, pois achou que o homem, um dia iria explorar as profundezas dos mares e a recuperaria. Então os deuses concluíram:


- Não sabemos onde escondê-la, pois não existe na terra ou no mar lugar que o homem não possa alcançar um dia.


Brahma então se pronunciou:


- Eis o que vamos fazer com a divindade do homem: vamos escondê-la nas profundezas dele mesmo, pois será o único lugar onde ele jamais pensará em procurá-la.


Desde esse tempo, conclui a lenda, o homem deu a volta na terra, explorou escalou, mergulhou e cavou, em busca de algo que se encontra nele mesmo.
  

A lenda: O Monge e o escorpião
A lenda: Duas crianças patinando no gelo
"Certa lenda chinesa conta que estavam duas crianças patinando em cima de um lago congelado. Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam sem preocupação. De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água.
A outra criança vendo que seu amiguinho se afogava debaixo do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças, conseguindo quebrá-lo e salvar o amigo. Suas mãos estavam feridas e doía muito todo o seu corpo.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:
- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e suas mãos tão pequenas!
Nesse instante apareceu um ancião e disse:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos olharam para ele aguardando a resposta. O ancião então respondeu:
- Não havia ninguém ao seu redor para dizer-lhe que ele não era capaz."

PARÁBOLA DA VACA
Era uma vez, um sábio chinês e seu discípulo. Em suas andanças, avistaram um casebre de extrema pobreza onde vivia um homem, uma mulher, 3 filhos pequenos e uma vaquinha magra e cansada. Com fome e sede o sábio e o discípulo pediram abrigo e foram recebidos. O sábio perguntou como conseguiam sobreviver na pobreza e longe de tudo. - O senhor vê aquela vaca ? - disse o homem. Dela tiramos todo o sustento. Ela nos dá leite que bebemos e transformamos em queijo e coalhada. Quando sobra, vamos à cidade e trocamos por outros alimentos. É assim que vivemos. O sábio agradeceu e partiu com o discípulo. Nem bem fizeram a primeira curva, disse ao discípulo : - Volte lá, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali em frente e atire-a lá em baixo. O discípulo não acreditou. - Não posso fazer isso, mestre! Como pode ser tão ingrato? A vaquinha é tudo o que eles têm. Se a vaca morrer, eles morrem! O sábio, como convém aos sábios chineses, apenas respirou fundo e repetiu a ordem: - Vá lá e empurre a vaquinha. Indignado porém resignado, o discípulo assim fez. A vaca, previsivelmente, estatelou-se lá embaixo. Alguns anos se passaram e o discípulo sempre com remorso. Num certo dia, moído pela culpa, abandonou o sábio e decidiu voltar àquele lugar. Queria ajudar a família, pedir desculpas. Ao fazer a curva da estrada, não acreditou no que seus olhos viram. No lugar do casebre desmazelado havia um sítio maravilhoso, com árvores, piscina, carro importando, antena parabólica. Perto da churrasqueira, adolescentes, lindos, robustos comemorando com os pais a conquista do primeiro milhão. O coração do discípulo gelou. Decerto, vencidos pela fome, foram obrigados a vender o terreno e ir embora. Devem estar mendigando na rua, pensou o discípulo. Aproximou-se do caseiro e perguntou se ele sabia o paradeiro da família que havia morado lá. - Claro que sei. Você está olhando para ela. Incrédulo, o discípulo afastou o portão, deu alguns passos e reconheceu o mesmo homem de antes, só que mais forte, altivo, a mulher mais feliz e as crianças, jovens saudáveis. Espantado, dirigiu-se ao homem e disse: - Mas o que aconteceu ? Estive aqui com meu mestre alguns anos atrás e era um lugar miserável, não havia nada. O que o senhor fez para melhorar de vida em tão pouco tempo ? O homem olhou para o discípulo, sorriu e respondeu: - Nós tínhamos uma vaquinha, de onde tirávamos o nosso sustento. Era tudo o que possuíamos, mas um dia ela caiu no precipício e morreu. Para sobreviver, tivemos que fazer outras coisas, desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos. E foi assim, buscando novas soluções, que hoje estamos muito melhor que antes. - Moral da história : às vezes é preciso perder para ganhar mais adiante. É com a adversidade que exercitamos nossa criatividade e criamos soluções para os problemas da vida. Muitas vezes é preciso sair da acomodação, criar novas.
A parábola da faixa preta
Imagine um lutador de artes marciais ajoelhado na frente do mestre sensei, numa cerimônia para receber a faixa preta obtida com muito suor. Depois de anos de treinamento incansável, o aluno finalmente chegou ao auge no êxito da disciplina. "Antes que eu lhe dê a faixa você tem que passar por outro teste" , diz o sensei. "Eu estou pronto", responde o aluno, talvez esperando pelo último assalto da luta. "Você tem que responder à pergunta essencial: qual é o verdadeiro significado da faixa preta?" "O fim da minha jornada", responde o aluno, "uma recompensa merecida pelo meu bom trabalho". O sensei espera mais. É óbvio que ainda não está satisfeito. Por fim, o sensei fala: "Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano." Um ano depois, o aluno se ajoelha novamente na frente do sensei. "Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?", pergunta o sensei. "Ela significa a excelência e o nível mais alto que se pode atingir em nossa arte." responde o aluno. O sensei não diz nada durante vários minutos, esperando. É óbvio que ainda não está satisfeito. Por fim ele fala: " você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano." Um ano depois, o aluno se ajoelha novamente na frente do sensei e mais uma vez o sensei pergunta: "qual é o verdadeiro significado da faixa preta?" "A faixa preta representa o começo - o início da jornada sem fim de disciplina, trabalho e a busca por um padrão cada vez mais alto." , responde o aluno. "Sim. Agora você está pronto para receber a faixa preta e iniciar o seu trabalho!"

Parábola Autodisciplina/disciplina
A auto-disciplina é sempre mais importante do que a disciplina imposta, pois acarreta mudanças internas no praticante que permitem a ele desenvolver as demais habilidades. Há uma parábola chinesa que demonstra claramente a distinção entre a auto-disciplina e a disciplina imposta:
Chanzi e Ligong eram dois monges que haviam descido do templo no alto da montanha para trocar suprimentos na cidade. Quando regressavam, viram na margem oposta de um rio uma moça de grande beleza, que não atravessava as águas com medo de estragar suas roupas. Chanzi lembrou-se imediatamente que não poderia olhar para mulheres e continuou o trajeto. Para sua surpresa, Ligong atravessou até o outro lado, pegou a moça no colo e deixou-a na outra margem. Após muitas palavras de agradecimento da bela garota, ambos seguiram em silêncio seu caminho. Algumas horas mais tarde, quando finalmente chegaram ao templo, Chanzi não suportou a angústia e perguntou a Ligong:
- Ligong, por que você fez aquilo? Por que pegou aquela moça no colo, sabendo que não podemos nem mesmo olhar para mulheres?
E então Ligong respondeu:
Eu a deixei na margem do rio. Você está com ela até agora em sua mente?
 O guardião

Certo dia num mosteiro, com a morte do guardião, foi preciso encontrar um substituto.
O Mestre convocou, então, todos os discípulos para determinar quem seria o novo sentinela.
O Mestre, com muita tranqüilidade, falou:
- Assumirá o posto o primeiro que resolver o problema que vou apresentar.
Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme sala em que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo e disse apenas:
- Aqui está o problema!
Todos ficaram olhando a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro.
O que representaria ?! O que fazer?! Qual o enigma?!
Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre, os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e ... ZAPT ... destruiu tudo com um só golpe.
Tão logo o discípulo retornou a seu lugar, o Mestre disse:
- Você será o novo Guardião do Castelo.
Não importa qual o problema. Um problema é um problema. Nem que seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado. “Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente”. Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo”.
Mesmo que se trate de uma mulher sensacional, um homem maravilhoso ou um grande amor que se acabou. Por mais lindo que seja ou, tenha sido, se não existir mais sentido para ele em sua vida, tem que ser suprimido. Muitas pessoas carregam a vida inteira o peso de coisas que foram importantes no passado, mas que hoje somente ocupam um espaço inútil em seus corações e mentes. Espaço esse indispensável para recriar a vida. O passado serve como lição, como experiência, como referência. Serve para ser relembrado e não revivido. Use as experiências do passado no presente, para construir o seu futuro.
A indecisão é a própria sustentação do problema. Quando decidimos o que está pendente, acabou-se o problema....

Conto japonês de autor desconhecido.
(autor desconhecido – in: Coletâneas do Universo pág. 55 – Org. Edson Luis Bedin)
O Samurai Idoso
Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que adorava ensinar sua filosofia para os jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos contra-atacava com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E, conhecendo a reputação do velho samurai, estava ali para derrotá-lo, aumentando sua fama de vencedor.
Todos os estudantes manifestaram-se contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos - ofendeu inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo- se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou- se.
Desapontados pelo fato do mestre ter aceito tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
- Como o senhor pode suportar tanta indignidade ? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?
- perguntou o velho samurai?
- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre - Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.
Impermanência
"Havia, certa vez, um rei sábio e bom, que já se encontrava no fim de sua vida. Certo dia, pressentindo a chegada da morte, chamou seu único filho, que o sucederia no trono, tirou do dedo um anel e deu-o a ele dizendo:
- Meu filho, quando fores rei, leva sempre contigo este anel. Nele há uma inscrição. Quando estiveres vivendo situações extremas de glória ou de dor, tira-o e lê o que há nele.
E o rei morreu, e seu filho passou a reinar em seu lugar, sempre usando o anel que o pai lhe deixara.
Passado algum tempo, surgiram conflitos com um reino vizinho, que acabaram culminando numa terrível guerra. O jovem rei, à frente do seu exército, partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, seus companheiros lutavam bravamente.
Mortos, feridos, tristeza, dor... O rei lembra-se do anel, tira-o e lê a inscrição:
ISTO TAMBÉM PASSARÁ.
E ele continua a luta. Perde batalhas, vence outras tantas, mas ao final, sai vitorioso.
Retorna, então, ao seu reino e, coberto de glória, entra em triunfo na cidade. O povo o aclama. Neste momento ele se lembra do seu velho e sábio pai. Tira o anel e lê:
ISTO TAMBÉM PASSARÁ".
Velho Sábio

Um velho sábio chinês estava caminhando por um campo de neve, quando viu uma mulher chorando.
- Por que choras? - perguntou
- Porque me lembro do passado, da minha juventude, da beleza que via no espelho, dos homens que amei. Deus foi cruel comigo porque me deu memória. Ele sabia que eu ia sempre recordar a primavera de minha vida e chorar.
O sábio ficou contemplando o campo de neve, com o olhar fixo em determinado ponto.
- O que estás vendo aí? - perguntou a mulher ao sábio.
- Um campo de rosas, disse ele. Deus foi generoso comigo porque me deu memória. Ele sabia que, no inverno, eu poderia sempre recordar a primavera e sorrir.



O Poço e a Pedra







Um monge peregrino caminhava por uma estrada quando, do meio da relva alta, surgiu um homem jovem de grande estatura e com olhos muito tristes. 

Assustado com aquele aparecimento inesperado, o monge parou e perguntou se poderia fazer algo por ele. 

O homem abaixou os olhos e murmurou envergonhado: "sou um criminoso, um ladrão. Perdi o afeto de meus pais e dos meus amigos. Como quem afunda na lama, tenho praticado crime após crime. Tenho medo do futuro e não sinto sossego por nenhum instante. Vejo que o senhor é um monge, livre-me então desse sofrimento, dessa angústia!" - pediu ajoelhando-se. 

O monge, que ouvira tudo em silêncio, fitou os olhos daquele homem e alguns instantes depois disse: "estou com muita sede. Há alguma fonte por aqui?" 

Com expressão de surpresa pela repentina pergunta, o jovem respondeu: "sim, há um poço logo ali, porém nele não há roldana, nem balde. Tenho aqui, no entanto, uma corda que posso amarrar na sua cintura e descê-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar água até se saciar. Quando estiver satisfeito, avise-me que eu o puxarei para cima." 

O monge sorrindo aceitou a ideia e logo em seguida encontrava-se dentro do poço. 

Pouco depois, veio a voz do monge: "pode puxar!" 

O homem deu um puxão na corda empregando grande força, mas nada do monge subir. 

Era estranho, pois parecia que a corda estava mais pesada agora do que no início. 

Depois de inúteis tentativas para fazer com que o monge subisse, o homem esticou o pescoço pela borda, observou a semi-escuridão do interior do poço para ver o que se passava lá no fundo. 

Qual não foi sua surpresa ao ver o monge firmemente agarrado a uma grande pedra que havia na lateral. 

Por um momento ficou mudo de espanto, para logo em seguida gritar zangado: "hei, que é isso? O que faz o senhor aí? Pare já com essa brincadeira boba! Está escurecendo, logo será noite. Vamos, largue essa rocha para que eu possa içá-lo." 

De lá de dentro o monge pediu calma ao rapaz, explicando: 

"Você é grande e forte, mas mesmo com toda essa força não consegue me puxar se eu ficar assim agarrado a esta pedra. É exatamente isso que está acontecendo com você. Você se considera um criminoso, um ladrão, uma pessoa que não merece o amor e o afeto de ninguém. Encontra-se firmemente agarrado a essas idéias. Desse jeito, mesmo que eu ou qualquer outra pessoa faça grande esforço para reerguê-lo, não vai adiantar nada." 

"Tudo depende de você. Somente você pode resolver se vai continuar agarrado ou se vai se soltar. Se quer realmente mudar, é necessário que se desprenda dessas idéias negativas que o vêm mantendo no fundo do poço." 

"Desprenda-se e liberte-se." 


 Por Simo Nilda Fernandes
SE/MTb nº 62/RR-03
AKFTradRR

Associação de Kung Fu Tradicional de Roraima 
AKFTradRR:"Treino duro combate fácil"
Av. Ataide Teive, 1885, Liberdade 
Boa Vista-Roraima

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